História

Inicialmente, na área em que Caruaru está estabelecida, viviam índios tapuias-cariris de diversas tribos, como os xucurus, karapotós e xocós. Até hoje, inclusive, o município possui várias localidades com nomes indígenas que reforçam essa presença: Caiucá, Itaúna, Xicuru, Murici, Juriti, Juá, Jiquiri, Trapiá, entre outros. Há também relatos de 1602 de um quilombo na mesma região. Existe ainda hoje, por exemplo, uma comunidade remanescente no distrito de Serra Verde, que está em processo de certificação na Fundação Cultural Palmares. Fala-se também de Carapotós, Zamba, Zumba, Brejo da Mulata e Guariba como áreas que possuem população majoritariamente negra há gerações.

   O povoamento mais intenso de Caruaru começa, no entanto, no final do século XVII, com a chegada portuguesa dos Rodrigues de Sá. Depois de a fazenda da família passar por diversas gerações, suas terras chegam às mãos de um de seus herdeiros, José Rodrigues de Jesus, então com apenas 20 anos de idade. A partir daí, inicia-se um crescimento mais significativo do local.

A Fazenda Caruru, que, em 1781, ganhou a Capela de Nossa Senhora da Conceição erguida por José Rodrigues de Jesus em homenagem à sua irmã, era cortada pelo caminho das boiadas, passagem de grande movimentação de boiadeiros e viajantes. Com toda essa movimentação na Fazenda Caruru, já no início do século XIX, a fazenda foi-se transformando em movimentado arruado. A estratégica localização na passagem da rota agreste-sertão, especialmente para os vaqueiros e suas boiadas, mas também para os mascates e suas mercadorias, trouxe assíduos fregueses para uma incipiente feira organizada pelos moradores da fazenda e dos arredores.

   Como afirma o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no registro da Feira de Caruaru como Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil:

   “Caruaru é uma cidade que nasceu da feira, se expandiu e se consolidou junto com ela. Não há como separar uma da outra, tão dependentes entre si, que compõem um todo orgânico, numa verdadeira simbiose. (...) A Capela de Nossa Senhora da Conceição permitiu o surgimento de um pequeno comércio de rua, que inicialmente colocava à venda artigos de couro e alimentos. Além disso, a realização de festas religiosas, sobretudo as que homenageavam a padroeira, contribui para o crescimento da feira e, simultaneamente, o desenvolvimento da cidade. (...) Ao longo do século 20, com a acessibilidade reforçada pela estrada de ferro e, mais tarde, pelas rodovias estaduais e federais, Caruaru se transformou no polo comercial mais importante da região, posição mantida até os dias de hoje. (...) A pequena feira transformou a área central do povoado, agregando valores econômicos, sociais e culturais, estreitando cada vez mais a ligação da vida cotidiana do lugar com a Feira de Caruaru”.

   Hoje, a Feira de Caruaru é a maior feira ao ar livre do mundo, composta por 14 feiras, sendo as principais a Feira Livre, a da Sulanca, a de Artesanato e a de Importados.

Dentre as inúmeras mudanças ocorridas ao longo das décadas, além das rodovias, a cidade recebeu uma ferrovia e, em paralelo, foram surgindo novos monumentos, prédios, igrejas, instituições de ensino, indústrias e diversos estabelecimentos comerciais, que potencializam a feira. Hoje, o município se destaca como um dos maiores centros de confecção do país com sua famosa Feira da Sulanca.

   Por sua localização estratégica e por suprir as demandas de dezenas de municípios da região que vêm à cidade por conta de seu comércio, serviços médico-hospitalares, educação, gastronomia, equipamentos culturais e de lazer, Caruaru tornou-se um polo. Hoje, é a cidade que mais se destaca no interior de Pernambuco com um crescimento anual do PIB de 3.9%, acima, inclusive, do de Pernambuco e do Brasil. A economia pujante a fez ser reconhecida como a Capital do Agreste, uma verdadeira capital regional.

   Culturalmente, o artesanato em barro ganhou ímpeto nas mãos do Mestre Vitalino, artesão ícone do Alto do Moura, bairro que se tornou um dos mais famosos da cidade pela produção de peças de arte figurativa que, em sua maioria, retratam o dia a dia da população da região. Caruaru torna-se também famosa e aplaudida a partir da erudição e da Literatura dos irmãos Condé, além de ser reconhecida como Capital do Forró pela sua famosa festa junina, um evento de proporções inacreditáveis, considerado o maior e melhor São João do mundo!

   Caruaru destaca-se também no cenário de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), sediando, desde 2014, o Armazém da Criatividade, único equipamento do Parque Tecnológico Porto Digital situado fora do Bairro do Recife e que fomenta na cidade a geração de novos negócios inovadores. Por tudo isso, Caruaru figura como umas das mais prósperas cidades de Pernambuco e da região Nordeste, registrando, inclusive, um dos melhores índices de qualidade de vida dentre as cidades brasileiras.